Desabafo

Turbilhão de sentimentos
Coração já não aguenta
Choro, rezo todo dia
A saudade só aumenta

Ontem era um tempo mágico
Onde o problema não havia
Nem o medo e a incerteza
Era feliz e não sabia

Hoje peço que o futuro
Me reserve boas surpresas
Pois na porta ele já não entra
Muito menos janta na mesa

O sorriso custa caro
E quem tem não dá valor
Ombro amigo ainda guardo
Pois senão, morreria de dor

Mostra que eu estou no seu coração.
Pois você gosta quando eu seguro sua mão.
Não encosta pois eu quero seu abraço.
Demonstra que você me quer do seu lado.

É fato que isso tudo é amor.
Disfarço, mas você sabe como eu sou.
Já entendi o recado, você também tá afim.
Então entende o meu lado, e cuida de mim.

Vicky Cristina Barcelona

Bem, acabei de assistir esse filme que uma amiga me indicou e... Nossa ! Adorei... Achei que valia à pena escrever um pouquinho sobre ele =)


É dificil assistir a um filme que te põe sutilmente contra você mesmo e sair irreflexível dele. Afinal, você realmente sabe o que espera da sua vida ? Suas expectativas de felicidades são fundadas, firmes e embasadas consistentemente num sonho real e pré-moldado, um caminho que te trará felicidade constante, mas não provavelmente uma paixão avassaladora; ou eles são leves e densos como a brisa e pairam a cada instante no olhar de uma nova oportunidade, que faz você se mover sempre que seu coração manda, em busca de uma felicidade não menos surreal, mas com certeza mais pura, mais verdadeira, mais satisfatória, nem que seja pela eternidade de um instante. Mas um instante que se prolongará eternamente na sua lembrança, enquanto você prossegue em sua busca de por novas e certas (ou não) palpitações. O que vale mais à pena ? Depende dos seus objetivos e seus desejos. Mas se num momento Vicky e Cristina conseguem te convencer a seguir por um dos dois caminhos, pouco tempo depois elas acabam por te confundir por completo, já que dentro de uma mora a outra. Quando se descobre que dentro da casca rígida de uma, habita um pássaro que voa alto... E nas alturas em que a outra voa, se encontra um certeiro pé no chão, que as coloca uma de frente pra outra. É nesse momento em que vimos que provavelmente nunca iremos conseguir escolher um caminho único a seguir. Podemos ser um pouco mais de Vicky, ou de Cristina, mas em vários momentos da vida vamos cambalear para o outro lado da estrada. Não porque somos sem personalidade, nem porque estamos bêbadas e insanes. Mas porque é esse o único jeito que arrumamos de alcançar, mesmo que por alguns momentos, a felicidade que nos move, que nos impulsiona a seguir em frente. Frente às dúvidas, às ilusões que, apesar de tudo, é o que ainda nos faz ser feliz.

Muda

Luta pelo que quer,

Corre atrás dos seus sonhos.

Mas se eles não valem à pena,
Muda !

Escolhe outro destino,

Traça outro caminho.

No final não importa pra onde,

Mas o que você está seguindo.

Cai, levanta, não liga;

A vida é só sua amiga,

Que às vezes não sabe o que diz...

Ou sabe ? Não sei, não importa.

O que vale mesmo é o que eu quero,

E o que eu quero é só ser feliz !

O Varal

Esperança é algo que já não tenho mais. Voou do varal numa noite qualquer.
O mesmo varal onde pendurei minha fé. Voou também. Nem vi. Venta muito por aqui.
Nada fica firme por muito tempo. As roupas não secam, somem. Voam sei lá pra
onde. Já não sei o que vestir quando me convidam. Por isso nunca aceito.
Fico em casa com satisfação. Vou até o quintal e aproveito o tempo para estender
fotos, passados, sonhos. Tudo no mesmo varal. Só pra tirar o mofo, tomar um ar.
Mas sempre voam. Voam sei lá pra onde. E eu vou perdendo as peças da minha
história. Uma por uma. Tudo o que eu amo desaparece. Do quintal da minha casa
nem dá pra ver o seu. Mas eu imagino que lá no fundo, num cantinho, também tenha
um varal. O seu varal. Onde não venta. E devem estar pendurados: meu sorriso,
minhas certezas, minha fé. Quem sabe um dia bate um vento e, de tão forte, te
faça trazer de volta o que sempre foi meu. E falta. No meu quintal. O tempo voa
enquanto espero. Estendo a vida num varal. Esperança já não há. Voou sei lá pra
onde. Nada fica firme muito tempo. E venta muito por aqui.

-Teatro Mágico em Palavras-
Maíra Viana

Poema de um dia triste

A onda leva o mar,
Mas não faz pensar
Que foi só ilusão.
O vento leva o ar,
E mesmo às nuvens a soprar,
Não levam os sonhos em vão.
A vida nos leva a pensar
Que aqui ele pode estar,
Mas amanhã, talvez não.
Porque ela, sem nem avisar,
Nos tira o ar,
E os sonhos se vão.

"Clara manhã, obrigado. O essencial é viver!" (Carlos Drummond de Andrade)

Abra a porta. Vê janela. Sai pra ter o mundo, vem ouvir raiar o dia e eu vou lhe mostrar que quanto mais a gente teima, menos sopra ventania e a vida não espera; já é tempo de voar. O teu quarto que era escuro, hoje não é mais; tua mente se liberta em Sol, dós e lás; ré-mi no mar [da esperança, fá-si valer a pena, e lembrar que é preciso prantos para navegar. Abra a porta. Vê janela. Sai pra ter o mundo; vem provar do mel e o dia pinte azul-grená, misture ao amarelo-ouro, o verde das florestas. Dize ao branco das estrelas que é tempo de brilhar. Clara manhã como és bem-vida! O amanhã, quem sabe? O que o futuro nos reserva [só ele que dirá; e se houver qualquer silêncio, põe alguma melodia. Cante, brilhe e sorria que sempre é tempo para amar. E a alvorada traz primeira luz que reflete em teu olhar.